quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

DE JOSÉ RÉGIO, in pesquisa na NET



Afinal é em José Régio e no seu livro Musica Ligeira que encontro o poema adequado a transmitir esta serenidade primaveril, satisfeita de uma vida vivida sem deliberadamente prejudicar ninguém:

Viver à beira da morte

No gosto de mais um dia,

Nem eu diria

Que tão pouco me conforte.






Mas para quem

Não tem senão esse pouco,

Seria louco

Perder o pouco que tem.






Gozar o que, sem futuro,

Perdura uns breves instantes,

Não era dantes,

Mas hoje, é o bem que procuro.






Mais uma vez brilha o Sol!

E é de prever que à tardinha

Desponte a Lua, vizinha

Do resplendor do arrebol.






Talvez que a noite comprida

Traga outra manhã, depois.

Um dia e outro, são dois.

Não são dois dias a vida?






Nem eu diria

Que tão pouco me conforte:

Viver à beira da morte

No gosto de mais um dia.

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