sábado, 3 de novembro de 2012

POEMA:SILÊNCIO




SILÊNCIO…

A Lua, senhora da claridade, entra pela janela, radiante
e  embrulha-me na sua alegria luminosa,
prateada, gloriosa, magnética e crepuscular!
Desmesuradamente radiosa, avança na proeminência dos tempos
e expande-se  aos sinais interiores das origens…”as outras”…as anteriores…
Circula pelos recantos escuros das memórias
e acende lagos onde não nadam cisnes, nem vogam  faluas.
Descobre-me, então, claramente!
( eu sofro, inevitavelmente!)
Em silêncio, oiço um som diferente…o do encontro de mim
comigo própria!

.o silêncio é uma arma e ,como todas as armas, magoa.

Frágil existência
(incompreensão do meu quotidiano!)
força-me a procurar latitudes espirituais…
E a Procura deixa-me angustiada e ferida
ao  reconhecer que sou, EU-PRÓPRIA-o meu ponto de Partida e de Chegada!

Descubro-me microcosmos
vivendo e pensando a transitoriedade.
Sou, apenas, uma oportunidade do cosmos…
…coisa momentânea do firmamento…
A lua é eterna! Os anjos estão  enfurecidos…
O céu está alto demais-----------------------------------------para mim-----------
e não pode responder às minhas humanas questões…questões sem fim!

O céu é uma planície azulada onde o Silêncio reina
cortado pelo tom radioso das estrelas,
centro do Centro do calor divino,
reflectido nas frescas ramagens das árvores,
nas águas dos rios prateados ao  anoitecer,
na imensidão telúrica dos campos floridos!

O Céu é o silêncio do Mistério Humano!

No dentro de mim, perturba-me o silêncio de um deus
que dizem não ter princípio, nem fim…
É então que o céu parece um deserto de escuridão
perdido entre a lua e as estrelas!
.dúvidas da Existência atemorizam
não permitindo captar rumores das minhas Idades.
Tudo parece conjugar-se para um momento de êxtase,
quando se acendem lâmpadas astrais!

Estás perto, senhor do universo,
mas só consigo falar-te através deste verso…
Falo-Te com o Silêncio que És! Tu ouves…eu sei que ouves…
E digo-Te que todo o meu silêncio está sossegado, dentro de mim!
Todo o meu mundo está nesse silêncio!

Estou na soleira do céu e vingo-me escrevendo,
pois que me sinto pequena no meio de tudo
e humana entre as máscaras-que-duram-no –rosto/pedra!
Todos os cenários do Silêncio já FUI, neste EU sozinho,
farto de tudo o que nunca teve!

O calendário move-se sem a ajuda de um rumor…
e eu transmigro, emocionalmente,
num veio que em mim se difunde…

ROSA…- desabitada-de-espasmos-nocturnos-nas-punhadas-de –pétalas-caídas…
VULCÃO…-denegrido-no-passar-lento-do-musgo-cinzento-espalhado-nas-colinas….

Teu silêncio é o muro do Mundo, Senhor!
É orquestra calada no respirar das pautas!
MAS…chega BACH!
Faz-se silêncio
e  a VIDA estremece!


MARIA ELISA RIBEIRO
R-C11L-123-OTB/011 (MST)


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