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Dizia KAFKA: “ Na tua luta contra o resto do mundo, aconselho-te a que fiques do lado do resto do mundo…”
Há valores nacionais, que nem a urgente necessidade de arranjar, facilmente, dinheiro, justificam que um qualquer governo deles se desfaça.
Tenho em mente dois desses – (quase símbolos) do país: A EDP e a REN.
Todos temos vinda a assistir aos tremeliques do governo Passos Coelho, neste domínio, ora com avanços, ora com recuos; infelizmente, estou convencida de que o mesmo vai avançar com a alienação de quase 20% da EDP e mais de metade do capital da REN, numa operação pública de venda (OPV) destes símbolos da identidade nacional.
Com o país em estado de desespero financeiro, é sabido que é difícil raciocinar. Duro teste à credibilidade do governo, pois sabemos que ficaremos sem poder controlar estes dois importantes sectores da nossa independência económica…A necessidade e o desespero podem ser maus conselheiros…
Mas… os que nos “ajudam”, lá de fora, merecem toda esta submissão?
Todos sabemos que não é uma boa oportunidade para negócios deste teor. Na mesma ordem de ideias, seremos capazes de aceitar que um qualquer louco pense em vender O MOSTEIRO dos JERÓNIMOS?...o AQUEDUTO DAS ÁGUAS LIVRES?...o MOSTEIRO DA BATALHA?...O CRISTO-REI?...
A brasileira Electrobrás está atenta…E talvez venha ainda a beneficiar da extrema vontade que este governo tem de vender acções de tudo quanto é importante para a nossa identidade, como é o caso das ÁGUAS DE PORTUGAL, DA RTP, da ANA-AEROPORTOS DE PORTUGAL, da CP CARGA, dos CTT, DA CAIXA SEGUROS…
Com que partes do país ficamos, depois dos abutres estrangeiros se banquetearem com a perda da nossa independência?
Para onde vai tanto dinheiro que nos levam dos ordenados, se não vemos acções que mostrem estar o governo a investir no nosso progresso?
Como se atrevem altas figuras do ESTADO a mandar-nos poupar mais e produzir mais, se todos os dias as falências são às dezenas, os desempregados às centenas e os nossos dinheiros para viver, cada vez menos?
Do discurso de SUA Exa., o Presidente da República, ontem, retive a frase em que pede ao governo que “mostre trabalho”…a curto prazo (Deixem-me rir…)
Sempre foi fácil falar de “barriga cheia”…E a democracia está a ficar cada vez mais emparedada nas “bocas” da miséria…Quanto mais oprimido, mais dócil se torna o povo!
Falar do caso das contas da MADEIRA, em vésperas de eleições regionais, parece tarefa fácil, tendo em linha de conta os discursos pirrónicos e mitómanos do Governo Regional, vulgo Alberto Jardim. Não me ofende, como lídima portuguesa, quem quer…Ofende-me quem eu permito que me ofenda! As aberrações de linguagem trazidas pelos ventos poluídos da política madeirense, atingem SÓ quem se deixa atingir!
Por isso, recordo uma frase de CHARLIE CHAPLIN, bem a propósito: “EU CONTINUO A SER UMA SÓ COISA: PALHAÇO! E É ISSO QUE ME COLOCA NUM NÍVEL MUITO SUPERIOR AO DE QUALQUER POLÍTICO…”
Falar de política, deveria ser sinónimo de falar de valores humanos. A política exige ética pessoal. Para além do dever de não roubar e de não matar, o político deve mostrar ao povo que o elegeu a sua capacidade de defender o bem comum, tal como o bem-estar de toda a sociedade, sem se preocupar com o simples exercício do poder. (PODEM RIR…) O político deve, por conseguinte, estar ciente do seu papel positivo numa sociedade que nele acreditou, à qual fez promessas e nunca subverter os seus valores, muito menos aqueles com que se apresentou ao seu eleitorado. Apesar do discurso moralista- ou talvez por isso!- deixem-me RIR, para não chorar…
É imperativo falar de Justiça! Os amigos leitores lembram-se, por certo, de todos aqueles estranhos “casos” de que tanto se falou e que tanta tinta fizeram correr, no tempo do antigo governo…Eu recordo (correndo o risco de não me lembrar de todos!): ”operação furacão”, “caso Freeport”, caso “aterros”, caso portucale”…”caso das sucatas”, “caso BPN”e chega, que me sinto estoirada! Justiça é, como se sabe, um dos pilares de um regime democrático; brincar com casos de justiça é brincar às democracias e, geralmente, é isso que fazem os governos ditatoriais.
Não queria chegar a dar razão ao seguinte dito de DISRAELI, por ser radical e parecer ter só as duas “visões” que a frase permite, à primeira impressão:”Quando os homens são puros, as leis são desnecessárias; mas, como são imperfeitos e corruptos, as leis tornam-se inúteis!”
Verdade se diga que em Portugal, como o povo sabe, a justiça é a desgraça delirante, que todos conhecemos. Fácil é julgar o caso da maçã roubada…não dá trabalho a estudar o processo e delibera-se, facilmente, a prisão do ladrãozeco…O pior, é quando o roubo é de milhões e biliões…aí, a coisa muda de figura, até porque envolve tipos tão cheios de poder, arrogância e dinheiro, que os seus ÓPTIMOS e CAROS advogados, conhecedores de todos os truques e cientes do dinheiro que vão ganhar, conseguem ir protelando “ad aeternum” os processos até que o cliente ganhe, por prescrição dos prazos…Vejamos o caso de Isaltino Morais, Fátima Felgueiras e outros de que não posso falar!
Quando a justiça não funciona…adeus democracia! Os portugueses não confiam na justiça, não querem nada com a justiça que por aí se pseudo-faz, não podem pagar os seus elevados custos e quem sabe se não foi uma boa estratégia de quem o fez…o aumentar dos custos judiciais…O que me arrepia no meio disto tudo é esta passividade nossa, ao aceitarmos que as coisas sejam, NATURALMENTE, assim! Aqui, poucas vezes se sabe alguma coisa dos inquéritos aos inquéritos dos inquéritos…Não consigo perceber o que é feito dum tal dias loureiro…outro tal oliveira e costa…e tantos outros que se foram sumindo “nas brumas da memória”…talvez porque convenha que não sejam “apanhados”…
E sobre duarte lima e o caso Feteira? Falaremos disso, depois…
Dizia MARYA MANNES:”O máximo do cinismo é deixar de julgar, para não se ser julgado.”
Nota: este artigo foi publicado, hoje, na íntegra, no "JORNAL de MEALHADA.
10 de Outubro de 2011
Maria Elisa Rodrigues Ribeiro
