segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Artigo publicado no Facebook pelo amigo Jorge Henrique Letria

guarda estrangeira de Carlos V e, mais tarde ourives em
Lisboa, Paula Teresa entra, aos 17 anos, para o convento de
Odivelas.
Depois de um ano de noviciado, aí professa.
Por sua vez, D, João V, frequentador do convento de
Odivelas onde tinha várias freiras amantes, que ia substituindo
conforme lhe parecia, uma vez topou com a soror Paula. Nessa
altura, já a formosa freira era amante de D. Francisco de
Portugal e Castro, conde de Vimioso e que recentemente havia
sido agraciado com o título de marquês de Valença. Mas isso
não constituía obstáculo à inflexível vontade do soberano que,
chamando à parte o fidalgo lhe propôs: “Deixa a Paula que eu
te darei duas freiras à escolha”.
Assim se fez e soror Paula passou a ser amante do rei
que era trinta anos mais velho que ela,
Jovem e bela, Paula rapidamente subiu ao posto e honra
de Madre do Convento, passando a receber todas as atenções
do rei e uma generosidade extensiva à sua família. Em
Memorial do Convento, de José Saramago, o rei caracteriza
Madre Paula como "flor de claustro perfumada de incenso,
carne gloriosa".
Odivelas era um local frequentado pela nobreza da corte
na época em que Paula se tornou freira. Em 1719, decorreu no
mosteiro a festa do Desagravo do Santíssimo Sacramento,
organizada pelo conde de Penaguião e por Francisco de Assis
de Távora, na qual se ofereceu "um magnífico jantar a toda a
nobreza que assistiu" à cerimónia. Ainda em 1719, no dia 23 de
Outubro, decorreu em Odivelas, com a presença da Corte, a
tourada comemorativa do casamento de D. Brás Baltasar da
Silveira e D. Joana de Meneses (filha dos condes de Santiago).
Não faltariam oportunidades para o Magnânimo se deslocar a
Odivelas.
D. João V mandou construir para Madre Paula aposentos
luxuosos, com tectos em talha dourada, onde era auxiliada por
nove criadas. As camas eram de dossel, forradas com lâmina
de prata e rodeadas de veludos vermelhos e dourados, e os
jarros onde urinava eram de prata. Ao longo dos 10 anos que
durou esta relação, o monarca atribuiu-lhe um rendimento
anual de 1708$000 réis, mas apenas podia ir para Odivelas ter
relações com a freira quando o médico do paço o autorizava.
Das relações da Madre Paula com D. João V nasce, a 8 de
Setembro de 1720, o infante D. José, chamado um dos
"Meninos de Palhavã" (por ter sido criado neste palácio, como
D. António e D. Gaspar, filhos de outras amantes do rei), que se
forma em Teologia pela Universidade de Coimbra e chega a
inquisidor- mor em 1758.
Madre Paula, viveu sumptuosamente, mesmo após a
morte do rei. Faleceu com 67 anos, sendo sepultada na Casa
do Capítulo do Convento de Odivelas.

Sem comentários:

Enviar um comentário