sábado, 11 de março de 2017



Sobre José Augusto Seabra, in portalcomum.com:

..."Homem de vários exílios mas de uma só Pátria, portuense por adopção e opção, José Augusto Seabra foi um grande português. Intelectual comprometido com todas as causas que considerava justas, fossem elas grandes ou pequenas, fez da vida um combate permanente. A sua constante intervenção cívica, baseada nos princípios da austera ética republicana, em prol de uma Nova Renascença portuguesa por que sempre lutou, convoca-nos de imediato para os exemplos de outros portuenses ilustres, tais como Sampaio Bruno, que homenageou em 2003, ao fundar no Porto, com outros democratas, um Centro de Estudos Republicanos com o nome deste filósofo, que tanto admirava e a quem dedicou alguns estudos.
Poeta dos mais originais e mais sensíveis das últimas décadas da literatura portuguesa, as suas principais referências nacionais eram Camões, Camilo Pessanha, António Nobre, Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e Jorge de Sena. Entre todos, talvez tenha sido António Nobre (também poeta do exílio) aquele que mais amou. Não admira, pois, que, por mais de uma vez, o tenha homenageado. A última foi em Paris, nos inícios de Junho de 2003. Com um restrito número de amigos, por antigas ruas e vetustas casas que guardam as lembranças e as saudades do infeliz poeta do Só, reconstituiu o percurso poético e académico de António Nobre na capital francesa.
Seria justamente nos arredores da capital francesa (concretamente em Villejuif) que José Augusto Seabra viria inesperadamente a falecer no dia 27 de Maio de 2004. Tinha 67 anos de idade. Deixou um enorme vazio (sobretudo na sua mui amada cidade do Porto) que até hoje ainda não foi devidamente preenchido. Em Portugal, na Galiza (onde tinha inúmeros amigos e admiradores), em França e noutros países, hão-de guardar-se, enquanto viverem os que tiveram o privilégio de o conhecer e com ele conviver, as lembranças e as saudades do embaixador José Augusto Seabra, um verdadeiro apóstolo da República, da Cultura e da Liberdade.


António José Queiroz

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