segunda-feira, 9 de janeiro de 2017



[SOBRE MÁRIO SOARES] A LITERATURA COMO ÍMAN DO MUNDO

“O Íman do Mundo” – por José Manuel dos Santos, in Público [online]

“Soares achava que a literatura é o grande íman do mundo, tornando-o menos insuficiente, mais inteligível, menos opaco, mais incandescente. Era herdeiro de um ideia de literatura como imortalidade”


[...] Mário Soares viveu sempre rodeado de livros – os seus e os dos outros. Achava que ler e escrever é aquilo que distingue os homens dos outros animais. E é aquilo que distingue os homens uns dos outros. Olhava de lado, com um olhar de suspeita e troça, os políticos que não escreviam, que não sabiam escrever. Mesmo nos que escreviam, distinguia os que escreviam bem e os que escreviam mal. E um dos seus desdéns era pelos políticos que não liam, senão relatórios, nem escreviam, senão notas. “Aquele nunca leu um livro!”, dizia, com uma voz cheia de desprezo.[...]

Para Soares, um grande político é aquele que tenta coincidir com um grande escritor. Eram esses os que mais o fascinavam: Marco Aurélio, Frederico II, infante D. Pedro, João Pinto Ribeiro, D. Luís da Cunha, Mouzinho da Silveira, duque de Palmela, Passos Manuel, Disraeli, Jaurès, Clemenceau, Teófilo Braga, B. Teles, J. Chagas, Teixeira Gomes, Afonso Costa, Blum, Azaña, De Gaulle, Churchill, Malraux, Senghor, Mendès France, Brandt, Mitterrand, Obama. E talvez fosse o gosto pela escrita a única coisa que ele absolvia no Salazar que condenava. Em Soares, “os dois corpos do rei”, de que fala o famoso ensaio de teologia política sobre a Idade Média, escrito por Ernst Kantorowicz, eram o corpo político e o corpo literário.

No livro em que reúne textos sobre escritores, a que deu o muito intencional e expressivo título de Incursões Literárias, escreve: “O meu pai que era um pedagogo nato, um homem que tinha o dom de conhecer as pessoas, sempre me aconselhou a ser escritor. Pretendia que eu tinha alguma facilidade para escrever e realmente tinha, talvez demasiada, penso hoje, para poder ter sido, alguma vez, um bom escritor. De qualquer modo, a literatura sempre me apaixonou. (…) É certo que sempre tive, talvez, uma visão literária da vida e das personagens romanescas ou não, que encontrei no meu caminho. Adquiri o hábito de inventar histórias, totalmente ficcionadas, de pessoas que conheci e, por esta ou aquela razão, me interessavam.” [...]

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