domingo, 18 de dezembro de 2016


PUB
DAVID DINIS
EDITORIAL
Advogado do diabo
18 de Dezembro de 2016, 6:33
Partilhar notícia
0PARTILHAS
Partilhar no Facebook
Partilhar no Twitter

Partilhar no LinkedIn
Partilhar no Google+
Enviar por email
Guardar


PUB



Passos Coelho foi eleito líder do PSD em 2010. E bastaram três ou quatro meses para que lhe tenham decretado a morte política, assim que se lançou num projecto de revisão constitucional. Depois chegou o resgate e, com ele, Passos fez-se primeiro-ministro. Lembram-se do que foram aqueles primeiros anos: trimestre a trimestre, a popularidade do Governo caiu. Até aquele dia em que Passos teve um milhão nas ruas a pedir-lhe um recuo. Naquele período, Mark Twain veio outra vez recuperá-lo do além. E deu-lhe uma vitória. Amarga, porque não lhe chegou para fazer Governo.

O último ano foi de luto. Passos esperou um resgate, depois o Diabo. E agora apenas uma crise, ironizando com a chamada dos Reis Magos. A melhor prova de que Passos precisa de comer as doze passas no ano novo está nesta pergunta: quantas vezes nas últimas décadas ouvimos falar de um vice-presidente da concelhia de Lisboa do PSD? (alguém sabe o nome de algum?) Sim, esta semana conhecemos o primeiro, porque foi ele quem sugeriu que Passos fosse o segundo líder da oposição a candidatar-se à Câmara de Lisboa, depois de Jorge Sampaio. Com aquela diferença que separa os dois mundos: se em 1989 o socialista quis marcar lugar na corrida para o trono presidencial, o líder social-democrata só o faria para evitar uma vergonha. Estaria, com isso, a sentar-se no lugar do morto.

Sim, no processo autárquico, sobretudo de Lisboa, Passos tem culpas evidentes. O partido só perdeu tempo desde que António Costa bateu Fernando Seara em 2013, numa das piores derrotas autárquicas do PSD. Um candidato mediano há três anos, que estivesse disposto a percorrer a cidade a cada dia, seria um bom candidato hoje. E nem vale a pena lamentar Santana: esperar por ele é como esperar por Godot.

Mas além de Beckett, convém manter Mark Twain na secretária. Verdade que o PSD se agita, verdade que o líder parece ter entregue ao aparelho (ou ao destino) a escolha dos seus candidatos, verdade também que o diabo não estava atrás da porta. Mas nas autárquicas não há memória de um partido da oposição que perca terreno para quem está no poder. Porque a vitória de Rui Moreira no Porto nunca será socialista. E porque uma vitória de Cristas, até por ser improvável, seria também uma derrota do PS (e só ela tem uma hipótese; e é só isso que Passos tem como objectivo).
PUB


Crédito Automóvel
Não deixe escapar a oportunidade certa. De 2.500 € a 50.000 €. TAEG desde 8,5%.

Simule aqui

É verdade: Passos parece hoje um líder quase só. Mas este texto, na pele de advogado do diabo, serve para lembrar o que a história já nos mostrou: as notícias sobre morte política de Passos Coelho são provavelmente exageradas.

Sem comentários:

Enviar um comentário